X: Elon Musk apresenta o novo nome e logo do Twitter

Por que "X"?

Não é uma novidade o gosto pessoal de Musk pela letra "X". Uma das primeiras empresas do bilionário (um banco digital) se chamava x.com. Criada em 1999, ela foi adquirida pela gigante de pagamentos PayPal. 

Alguns anos depois, o empresário sul africano comprou de volta o domínio "X.com", dizendo que o endereço tinha valor sentimental. A partir de agora, o x.com será direcionada para a plataforma de mensagens que promete se transformar em algo revolucionário.

Adeus ao passarinho azul

Além do plano de mudança de nome e marca, a empresa também comunicou que as mensagens que hoje são conhecidas como "tweets" ou "tuites", serão renomeados para "Xs".

O que acontecerá com o verbo "tuitar" que hoje é tão forte entre a base gigantesca de usuários que amam o twitter no Brasil e ao redor do mundo?

O futuro do twitter

A mudança de Twitter para X faz parte do plano de Musk em fazer da rede social uma plataforma que "faz-tudo". Recentemente ele anunciou também a X.ai, que a partir de inteligência artificial, possibilitará que a nova plataforma do bilionário Elon Musk não se limite apenas a troca de mensagens, e pretende oferecer também interatividade com serviços financeiros, pagamentos digitais e compras de produtos e serviços diversos (especialmente utilizando-se de criptomoedas).

A ideia de Musk é tornar o X, um app de mensagens nos moldes do WeChat que funciona na china como um super aplicativo que nasceu como um Whatsapp, mas hoje permite não apenas conversar com amigos por texto, áudio ou vídeo, mas também traduzir instantaneamente as mensagens que recebe em outro idioma que você quiser, fazer compras e pagamentos, enviar dinheiro para outras pessoas, compartilhar conteúdos entre amigos e familiares, jogos diversos jogos pelo celular, chamar táxis, usar o transporte público, reservar hotéis e até acessar serviços públicos.

O Super Aplicativo X

O interesse de Musk está muito além das mensagens, mas sim no crescimento a partir da base de usuários ativos e super engajados do twitter, da integração multi-serviços e do potencial gerador de receita do seu futuro super app. O WeChat (super-aplicativo multi-serviços chinês) era apenas uma plataforma de troca de mensagens e rede social ao mesmo tempo. Ele evoluiu para um dos maiores aplicativos do mundo no quesito variedade de serviços, ecossistema de pagamentos e número de usuários.

No ano passado, estima-se que havia 1,29 bilhão de usuários somente na China. Há outros super apps no mundo, como o PayTM da Índia e o GoJek da Indonésia. Eles têm sido uma parte vital da vida cotidiana de populações inteiras nos últimos anos, com seus sistemas de pagamento digital. Os aplicativos permitem que os usuários paguem por serviços por meio de um sistema financeiro dentro do próprio app.

As mudanças do Twitter e as Críticas de usuários

Desde que Musk assumiu a direção do Twitter, as mudanças tem sido recorrentes. De demissões de times inteiros que não concordavam com a sua abordagem de gestão, à críticas do mercado e de usuários sobre os rumos que a empresa tomaria. A primeira grande modificação foi o anúncio de planos pagos para a rede social, que concedem benefícios para assinantes - incluindo o selo de verificação.

Em abril, o logo da rede foi substituído pelo cachorro Shiba Inu da DogeCoin, sua rede de criptomoeadas, o que fez com que seu valor de mercado subisse e gerou uma acusação de Insider Trading (manipulação de valores de criptoativos) por investidores. Recentemente, Musk também adicionou limites diários para os tweets, fazendo com que muitos usuários se irritarem com a empresa. Tal instabilidade, levou a Meta a lançar um app concorrente, o Threads, que ultrapassou os 100 milhões de usuários ainda nos primeiros dias, mas ainda não demonstrou ser uma ameaça capaz de mobilizar usuários mega ativos no Twitter e mudarem de aplicativo.

A mais recente complicação do Twitter foi uma ação judicial apresentada na terça-feira passada, alegando que a empresa deve pelo menos US$ 500 milhões em indenizações a ex-funcionários. Desde que Musk adquiriu a empresa, mais da metade da equipe foi demitida para reduzir custos. O passarinho azul, agora, aumenta a lista de dispensas.

Os impactos da mudança de Marca do Twitter

O movimento de mudança de marca sem dúvidas é uma guinada em direção a visão de futuro de Elon Musk, mas ela também pode causar sérios problemas ao bilionário em um futuro próximo.

A mudança no nome, muda também toda a plataforma de marca e o ecossistema do negócio que envolve desde clientes, usuários, parceiros, anunciantes, imprensa e funcionários. Não se trata apenas de uma mudança de branding. É uma ruptura com a cultura. São milhões e milhões de usuários acostumados com a narrativa e os ativos de marca que o Twitter até então sustentava desde sua fundação.

Engajamento de usuários

Os maiores problemas no curto prazo estão relacionados à alteração de linguagem que a plataforma possui atualmente. Verbos enraizados no vocabulário popular, como "tuitar" (tweet) e "retuitar" (retweet), poderão perder todo o sentido e dificilmente serão substituídos por "xizar", "rexizar" ou algo parecido.

Suicídio de marca

Em entrevista ao portal Fast Company, Jenn Takahashi, fundadora da firma de relações públicas Takahashi PR, classificou a troca como um "suicídio de marca". “Provavelmente será a coisa mais idiota que ele fez desde que assumiu e, considerando tudo o que fez nos últimos meses, isso diz muito", afirmou. 

Outra preocupação entre analistas é a possível associação do novo nome da marca a outros nichos, já que o "X" é velho conhecido de sites de conteúdo adulto. O XVideos, um dos maiores portais de pornografia do mundo, parece concordar. Seu perfil oficial na plataforma se manifestou sobre a mudança, brincando que a semelhança entre os nomes poderia ser o primeiro passo para uma futura integração entre a rede social e o site pornô.

Perda de receita

Desde que Musk assumiu a direção do Twitter, sua receita caiu pela metade. Apenas em 2023, a redução da receita em publicidade foi de 59%. Depois de demitir milhares de funcionários e cortar custos relativos ao serviço de núvem, Musk disse que o Twitter estava a caminho de registrar US$ 3 bilhões em receita em 2023, muito abaixo dos US$ 5,1 bilhões em 2021.

Este é o sinal mais recente de que as medidas agressivas de corte de custos não foram suficientes para despertar o retorno de anunciantes que se retiraram após mudanças em suas regras de moderação de conteúdo.

Além disso, o Twitter possui uma dívida de US$ 13 bilhões a pagar até o fim de julho. Haverá muita pressão sobre as ações da Tesla se ele tiver que vender mais (uma parte) de sua participação da montadora de carros elétricos para alavancar o novo Twitter X.

E agora X?

Que Musk é uma figura inusitada, com recursos financeiros, capacidade e visão impressionantes já concordamos. Mas, eis aqui a questão X! Será que o bilionário será capaz de virar o jogo e colocar em prática o seu plano antes dele derreter?