Se você chegou até aqui, provavelmente já deve ter se perguntado se a forma como nos comunicamos é violenta, certo? Afinal, hoje em dia se fala tanto da comunicação não violenta (CNV) que, se queremos nos desenvolver e sermos melhores para nós e para o mundo, precisamos parar e refletir sobre o que isso significa.
Acontece que, se definirmos a violência como algo que pode causar danos a nós mesmos e aos outros, então grande parte da maneira como nos comunicamos uns com os outros pode se encaixar nessa caracterização, sim. Inconscientemente, nós alimentamos formas de nos comunicar que nos desconectam dos outros e de nós mesmos.
A forma que nós aprendemos a nos comunicar, mais nos afasta do que nos aproxima das pessoas. Trazendo isso para o ambiente de trabalho, a comunicação, assim como em qualquer espaço, é fundamental. Por isso,
saber entender e se fazer entender é uma soft skill a ser (muito) valorizada, inclusive para o bom desempenho do negócio.
É por isso que neste conteúdo vamos falar tudo sobre a Comunicação Não Violenta e como ela é capaz de melhorar as relações nas empresas de todos os segmentos e portes. Traremos citações de estudiosos nessa área e vamos destacar a importância dessa comunicação no trabalho. Confira e veja como aprimorar aqui sua comunicação!
A Comunicação Não Violenta também é chamada de comunicação colaborativa ou comunicação compassiva e é conhecida pela sigla
CNV. Na prática, a CNV é uma
abordagem de comunicação que se concentra nos princípios da não violência e promove a resolução de conflitos
(perceba que não estamos falando em evitar conflitos, mas calma que falaremos mais sobre isso).
Hoje ela é vista como a principal forma de promover a resolução de divergências e conflitos com empatia e compaixão. Até por isso, é vista como uma habilidade e uma
forma de relacionamento que pode ser aprendida por qualquer pessoa e mudará para melhor a qualidade de seus relacionamentos.
Pensando do ponto de vista das empresas, esse é também um conceito que traz um conjunto de ferramentas e práticas que podem ajudar a transformar o local de trabalho em um ambiente onde as pessoas prosperam.
Seu impacto vai além das ferramentas de gestão mais comuns, já que fortalece a integridade do indivíduo e a capacidade de assumir responsabilidades, ao mesmo tempo em que apoia a cooperação e o trabalho em equipe.
A base da CNV é a disposição e a capacidade de abordar e perceber as questões sem julgamentos, mas podemos ir além disso ao acrescentar os 3 pilares principais dessa abordagem:
Dentro dos estudos de psicologia, fica fácil perceber que alguns dos fatores causadores de estresse mais significativos no ambiente de trabalho vêm de interações desafiadoras com colegas de trabalho e clientes. Muitos funcionários estão envolvidos em conflitos interpessoais, causando alto estresse e dificuldade de recuperação.
A CNV propõe um estilo de vida e de comunicação compassivo e não violento, podendo
prevenir tanto o esgotamento quanto o estresse relacionado ao local de trabalho. Alguns estudos já começaram a comprovar essa tese.
Em 2018, foi publicado um estudo chamado
Prevenção do sofrimento empático e estressores sociais no trabalho por meio do treinamento de comunicação não-violenta, produzido por Renata Wacker e Isabel Dziobek. Nele, os participantes foram encorajados a encenar situações da vida real que vivenciaram no trabalho.
Depois de acompanhar os participantes por três meses após a intervenção, as pesquisadoras encontraram evidências de que o treinamento de CNV realmente promoveu habilidades emocionais e interpessoais. Além disso, ele foi capaz de evitar sofrimentos ao ter que lidar com algum conflito interpessoal.
Isso comprova a importância de usar esse tipo de abordagem em todas as nossas relações. Afinal, todos queremos nos comunicar bem, mas isso em sua essência passa pelo trabalho de transmitir uma mensagem de uma forma que todos compreendam.
“O único grande problema da comunicação é a ilusão de que ela aconteceu.” - George Bernard Shaw
Essa frase atribuída a Shaw mostra que é fundamental falar de CNV. É essa abordagem que nos faz refletir como muitos líderes e gestores simplesmente assumem que suas mensagens são compreendidas por todos os colaboradores.
Já percebeu que a falta de comunicação eficaz nas empresas é um problema crítico? Para superá-lo, a CNV estabelece que nossa comunicação precisa seguir
quatro passos essenciais para nos expressarmos com honestidade e recebermos com empatia. São eles:
A CNV enfatiza a observação sem julgamento. Isso significa apresentar os fatos simples que observamos. Por exemplo, em vez de dizer "Você nunca me ouve quando estou falando", você pode dizer "Na nossa reunião de hoje, notei que você estava no telefone".
Aprender a praticar a CNV implica aprender a separar o que você observa dos julgamentos de valores pessoais sobre essa observação. Reservar esses julgamentos ajuda a evitar a confusão entre o que, de fato, aconteceu e o que estamos interpretando, com base nas nossas vivências, abrindo a possibilidade de uma troca que leve ao entendimento.
Ao falarmos de um fato, damos a possibilidade de que a pessoa entenda o que nós observamos e como isso gerou determinada reação. Ao falarmos “você é desorganizado”, atribuímos um rótulo à pessoa, o que diminuirá a chance de nos fazer entender. No entanto, se substituirmos por: “os papéis ficaram fora da gaveta”, contribuímos para que a pessoa compreenda o que houve realmente e como ela poderia melhorar.
Compartilhar essas observações com outras pessoas é o início e um dos passos mais importantes para estabelecer a comunicação não violenta dentro da
cultura organizacional da sua empresa.
CNV envolve assumir a responsabilidade por seus sentimentos. Isso requer uma mudança na perspectiva de como as palavras e ações dos outros afetam nossos sentimentos.
Nessa abordagem, o que os outros dizem e fazem é considerado o estímulo, mas nunca a causa dos sentimentos. Em vez disso,
é como escolhemos responder a esses estímulos junto às nossas necessidades e expectativas no momento, que faz com que os sentimentos ocorram.
Continuando o exemplo acima, poderíamos dizer “ Ao ver os papéis fora da gaveta eu me senti chateada com essa situação”.
A CNV nos convida a nos conectar com o que nós sentimos a cada situação, para que a gente entenda que o sentimento é nosso e não do outro. Parece simples, porém nessa etapa percebemos como nosso vocabulário é limitado para falarmos sobre sentimentos.
Dando o próximo passo, a CNV faz a conexão entre sentimentos e necessidades. Essas necessidades são comuns e fundamentais a todos os seres humanos.
Na expressão de sentimentos como raiva e frustração, eles são vistos como indicadores de necessidades, como amor e aceitação, que não são satisfeitas. Com a CNV, o indivíduo aprende a buscar dentro de si essas necessidades.
Os nossos sentimentos são gerados por necessidades, que foram ou não atendidas. Por exemplo, eu posso me sentir feliz ao sair com meus amigos, nesse caso minha necessidade de vínculo social foi atendida e me gerou um sentimento de felicidade.
Para dar sequência ao exemplo que iniciamos nos tópicos anteriores, imagine da seguinte forma: nós observamos um fato (papéis fora da gaveta), tivemos um sentimento ‘chateação’, que foi gerado por uma necessidade não atendida, que pode ser a necessidade de organização.
Sendo assim, uma forma não violenta de nos comunicar seria: “Ao ver os papéis fora da gaveta, me senti chateada com essa situação, pois eu tenho uma necessidade de organização e gostaria de ter encontrado os papéis dentro da gaveta”.
A etapa final é fazer pedidos específicos e factíveis. É preciso fazê-los de uma forma que permita que a pessoa responda bem ao pedido, já que eles nunca são exigências.
Aqui é importante lembrar que as solicitações na CNV são positivas. Isso significa pedir o que você quer ao invés do que você não quer. Um exemplo disso seria dizer “gostaria que você passasse mais tempo me ajudando no projeto” em vez de “não quero que você passe tanto tempo fazendo aquele trabalho”.
Quanto mais claro o seu pedido, maior a probabilidade de você obter o que está solicitando.
No exemplo que construímos, nós continuaríamos a frase encerrando com um pedido, um acordo que estabelecemos para que a relação flua de modo a atender as necessidade dos envolvidos: “Ao ver os papéis fora da gaveta, me senti chateada com essa situação, pois eu tenho uma necessidade de organização e gostaria de ter encontrado os papéis dentro da gaveta. Podemos combinar de sempre deixarmos os documentos guardados na gaveta, na próxima vez?”
O uso da CNV tem muitas vantagens. Aqui estão algumas maneiras pelas quais essa prática pode gerar um impacto positivo imediato no seu local de trabalho:
Além disso, ser capaz de entender por que um funcionário está chateado ou identificar o que ele precisa durante um conflito permite que todos cultivem a compreensão mútua e, em última análise, promovam um caminho mais produtivo baseado na confiança.
Agora que você já entende vários detalhes sobre a Comunicação Não Violenta, que tal aprender a colocar em prática? Para isso, listamos alguns exercícios com exemplos que você pode seguir.
O ato de observar sem avaliar significa observar e expressar informações sem avaliar em termos de certo ou errado. Por exemplo: em vez de gritar e repreender, um professor pode simplesmente dizer a seu aluno: “Você já me interrompeu três vezes nesta aula”.
Observe que não há uma avaliação nessa fala, apenas uma observação factual. Para entender a diferença, uma fala com tom avaliativo seria “Você está atrapalhando minha aula”. Nesse caso seria colocada uma carga negativa já na fala, algo que vai contra ao conceito da CNV.
As emoções ocultas geralmente estão no centro da comunicação falha. Elas geralmente perturbam e sabotam a comunicação interna e não podem ser abordadas e resolvidas porque não são conhecidas pelo seu parceiro de comunicação.
Por isso, expresse suas emoções de forma atenciosa e honesta, sem julgamentos. Em nosso exemplo anterior, isso resultaria em “Estou chateado/ Estou me sentindo aborrecido/ Estou incomodado com isso porque não consigo terminar minhas frases”.
Um exercício importante é comunicar com clareza uma necessidade com base em seus sentimentos e necessidades. Depois de esclarecer suas emoções e necessidades, termine fazendo um pedido claro, ou seja, dizendo o que especificamente a outra pessoa precisa fazer para que você sinta que suas necessidades foram atendidas.
Por exemplo: “É por isso que estou pedindo que me deixe terminar meu discurso e que faça seus pontos no final. Isso é aceitável para você?” — claro que você precisa dizer tudo isso em um tom aberto, honesto e justo, sem qualquer zombaria ou agressão.
É possível saber muito mais sobre CNV com as obras que são conhecidas como as bíblias sobre o tema. Confira quais as principais:
Considerada a maior referência no assunto, a obra de Marshall B. Rosenberg detalha tudo sobre CNV e fornece a espinha dorsal para entender o assunto.
Ele está na lista de referências também por ser completo: traz exemplos da vida real e exercícios para cada capítulo. No fim, é uma cartilha de leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada em comunicação não violenta.
Enquanto o primeiro livro fornece uma base na teoria da CNV, este livro — que é outro dos livros de Rosenberg sobre CNV — oferece um treinamento bem prático no uso da comunicação não violenta dentro de vários contextos.
O foco está nos exercícios e nas coisas para tentar aplicar na vida real. Este texto pode ser especialmente útil ao procurar atividades para experimentar em sua rotina de trabalho.
Então, fica a dica: para saber mais sobre comunicação não violenta e aprimorar suas habilidades interpessoais, confira os livros de Marshall Rosenberg sobre o assunto. E se quer alavancar os resultados da sua empresa mantendo uma comunicação eficiente também para o mercado,
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